* Sensacionismo

-Sentir é pensar sem idéias.

-Sentir é também o si próprio.

-Ter opiniões é não sentir.
-Todas as nossas opiniões são dos outros.

-Pensar é limitar. Raciocinar é excluir. 

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Opinar é querer transmitir aos outros aquilo que julgamos e sentimos por si próprio. Só o que se pensa é que se pode expressar aos outros.

O que se sente não se pode compartilhar. Só se pode comunicar o valor do que se sente.

O sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha o espírito.
A lucidez só deve chegar ao limiar da alma com o mais puro sentimento.

Sentir é compreender. Pensar é errar. Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela. Ser outra pessoa é de uma grande utilidade metafísica para o futuro. Deus é todas as pessoas é todas as coisas.

O homem é uma unidade espiritual e uma diversidade material. Seu crescimento é um processo de fusão entre a unidade e a diversidade, alcançado através da consciência que alterna entre o misterioso centro imutável interno, (o ser), e os eternos aspectos mutáveis da periferia, a diversidade material do homem externo, por isso “Corpo é vestido, alma é pessoa”.

Ver, ouvir, cheirar, gostar, palpar - são os únicos mandamentos da lei de Deus. Os sentidos são divinos porque são a nossa relação com o Universo, e a nossa integração com o Universo Deus.

Só sentir também seria sofrimento. Nada existiria fora das nossas sensações.
Não haveria outros critérios da verdade senão concordar consigo próprio. O Universo não concorda consigo próprio, porque sempre se renova. A vida não concorda consigo própria, porque morre. O paradoxo é a fórmula típica da Natureza. Por isso toda a verdade tem uma forma paradoxal.

Substitui-te sempre a ti próprio. Tu não és bastante para ti. Sê sempre desprevenido por ti próprio. Acontece-te perante ti próprio. Faz de tua alma uma metafísica, uma ética e uma estética. Substitui-te a Deus indecorosamente. É a única atitude realmente religiosa (Deus está em todas as partes),  (exceto no SI PRÓPRIO).

Autor: Fernando Pessoa

Agregados: Raul Voct